segunda-feira, 13 de julho de 2009

Rádio Livre e outras Idéias

sibilidade de nos comunicarmos entre iguais. Com a linguagem implantada dentro de
nossas mentes, terminamos por pensar com idéias que deveríamos combater. Por
isso, a busca por linguagens que expressem o poder popular é uma das missões do
movimento de radiodifusão comunitária organizado em torno da ABRAÇO e um dos
grandes objetivos desta cartilha15.

6 COMUNICAÇÃO:
AFINAL, PARA QUE SERVE ISSO?
A comunicação e a educação estão intimamente ligadas. A comunicação é a
forma de expressar o que se quer dizer, com um determinado conhecimento,
para alguém que quer compreender a mensagem a ser dita. Já a educação,
por meio de um processo de formação, torna o indivíduo apto a organizar as idéias e,
a partir daí, comunicar-se de forma eficiente. Nós só vamos nos comunicar bem se
organizarmos nossas idéias de forma clara e direta, com um aprendizado que nos dê
conhecimento sobre o que queremos expressar, utilizando uma linguagem adequada.
No caso específico da radiodifusão comunitária, o papel do rádio e a defesa do
direito a transmissão por radiofreqüência têm uma importância central para o avanço
das identidades populares. Este veículo sempre teve o potencial para cumprir este
papel, sendo por diversas vezes instrumentalizado por governos. E mesmo sob estes
controles, o que se verificou foi a manifestação da cultura popular, ainda que emaranhada com o chamado populismo.
São protagonistas da comunicação social aqueles que exercem o direito de
se comunicar. Partindo da lógica da relação emissor-receptor, observamos que os
comunicadores comunitários ocupam o papel de encurtar a distância no processo
comunicacional. Esta capacidade atua em todas as esferas da vida. A rádio e a produção integrada de audiovisual de baixo custo potencializam os empreendimentos
econômicos da região sob cobertura da emissora comunitária. Muitas vezes, uma
iniciativa de economia dentro da mais plena informalidade, mas com muitos freqüentadores de uma região metropolitana periférica, ganha legitimação quando anunciada em uma rádio comunitária.

15 Para aprofundar o conceito e as propostas quanto ao sistema público não-estatal de comunicação social, bem como os conceitos relacionados discutidos nesta cartilha, ver também a página da Ciranda international de l’information independente em http://www.ciranda.net/spip/article1211.html?lang=fr e
os textos Rádio comunitária, educomunicação e desenvolvimento, de Cicilia Peruzzo (p. 69), Rádios comunitárias: exercício da cidadania na estruturação dos movimentos sociais, de Márcia Vidal Nunes (p. 95) e Para reinterpretar a comunicação comunitária, de Raquel Paiva (p. 133), todos no livro O Retorno da comunidade: (os novos caminhos do social).

6.1 A comunicação em rádio
• Transmissão e recepção instantâneas e simultâneas (quando eu estou falando
numa rádio alguém pode me escutar na sua casa);
• A comunicação é de pouca duração (porque a mensagem não pode ser
guardada como num jornal impresso);
• É um sistema de custo relativamente baixo, tanto para o emissor quanto para
o receptor: a instalação de uma emissora de rádio é muito mais barata que
a de uma emissora de televisão (e um aparelho de rádio também custa bem
menos que um televisor);
• A recepção pode ser feita independente das condições ambientais existentes
(se o receptor estiver dirigindo, ou trabalhando, ou lavando roupa, pode
ouvir a rádio ao mesmo tempo);
• Possibilita boa interação com os receptores, seja por telefone, torpedos,
mensagens instantâneas ou correio eletrônico. No caso das rádios comunitárias,
pode ser uma excelente forma de aproximação com a audiência;
• A comunicação entre o emissor e o receptor acontece apenas por meio do
som, sem qualquer visualização (a rádio só trabalha com palavras, músicas,
ruídos, silêncios, sons diversos - não há um sistema de sinais para que o
receptor veja a mensagem como na TV e demais veículos).

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